CGD quer vender ao desbarato

Alto risco na <i>Alicoop</i>

Os trabalhadores da Alicoop, Alisuper, Macral e Geneco acusam a Caixa Geral de Depósitos de estar a fechar, de facto, as empresas, e alertaram os demais credores e os órgãos de poder para a necessidade de medidas urgentes.

O encerramento pode ocorrer de facto e pela calada

Numa reunião que teve lugar na segunda-feira, em Silves, na sede do Grupo Alicoop, foi reafirmada a determinação das trabalhadoras e dos trabalhadores, que não estão dispostos a aceitar sem luta que seja abandonado o plano de viabilização e que a Comissão de Credores, por omissão, acabe por permitir que se concretize o encerramento definitivo. Em causa estão 500 postos de trabalho e cerca de 80 milhões de euros de créditos, o que dá uma ideia do grave impacto económico e social que tal desfecho teria no concelho e no Algarve, onde se situa a maioria das lojas daquele grupo de supermercados.
As conclusões da reunião de trabalhadores estão sintetizadas numa moção ali aprovada e divulgada pelo CESP/CGTP-IN. Perante as posições expressas na última reunião da Comissão de Credores, a CDG é acusada de «apostar tudo no fecho das empresas e na venda ao desbarato de algumas lojas», enquanto procura «minimizar as suas graves responsabilidades». Daí que uma das decisões realçadas na reunião seja a realização de uma nova manifestação em Lisboa, junto à sede da Caixa, como aconteceu em Fevereiro.
Os trabalhadores declaram-se «disponíveis para desenvolver as iniciativas e acções de luta que se mostrem adequadas e necessárias», para se oporem às «tentativas de forçar a demissão da administração, que ficaram de ser feitas pelo administrador judicial»; à «retirada do plano de insolvência apresentado no Tribunal de Silves, elaborado com a participação de alguns grandes credores pela Deloitte e que prevê as condições e prazos para a viabilização das empresas»; ao encerramento das lojas e ao bloqueamento e falta de pagamento das rendas, que ocorrem «com a passividade dos bancos credores e do administrador judicial».
Na moção, exige-se «o funcionamento da Comissão de Credores pelas regras legais», o que significa «que seja convocada formalmente, reúna e decida sobre todas as matérias relativas às empresas, em tempo oportuno», o que também se aplica ao administrador da insolvência. Além do pagamento das rendas, deve ser providenciada a compra de produtos para as lojas abertas. O plano de insolvência deve ser aprovado e posto em execução.
Foi deixado um alerta a todos os credores, «para tomarem as medidas necessárias à salvaguarda dos seus legítimos interesses, ameaçados pelas tentativas de fazer do encerramento das empresas um facto consumado».
Para reclamar medidas, no âmbito das competências de cada entidade, foi decidido pedir reuniões ao BCP, à CGD e à Central de Cervejas (membros da Comissão de Credores) e aos órgãos de poder político.

A não-solução GCT

O projecto de viabilização que foi elaborado «a peso de ouro» pela consultora Deloitte, por imposição da CGD e do BCP, prevê o pagamento de todos os créditos, num prazo inferior a 20 anos, com um investimento inicial de cerca de cinco milhões de euros. Tem merecido a aprovação do BCP e da generalidade dos credores que o conhecem, mas não da CGD, que recusa aplicar, pela sua parte, 1,2 milhões.
Na anterior reunião da Comissão de Credores, tinha sido solicitado que a administração apresentasse um plano para a abertura das lojas e a retoma imediata da actividade. Esse plano - refere-se na moção - foi apresentado mas a Comissão de Credores não o apreciou, «enquanto nos bastidores eram desenvolvidos contactos que agora se percebe se destinavam a inviabilizar a reabertura do a Grupo Alicoop e a abrir caminho para a reentrada em cena da GCT e do seu famoso projecto de adquirir algumas lojas ao desbarato».
«A GCT, de quem alguns membros da Comissão de Credores esperam até hoje um projecto, é a resultante da integração das Cooperativas das Caldas da Rainha, Torrental e Grula, tem atrás de si um rasto de encerramentos e despedimentos enorme, e no momento em que a comissão de credores aguarda o seu projecto, diz em reunião com o CESP, “não estar compradora”, nem ter condições para “continuar a integrar e recuperar mais lojas” do seu grupo Ponto Fresco» - avisam os trabalhadores.


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